miércoles, 1 de abril de 2009

DE MI HERMANO, RAÚL ELLWANGER


Não posso viver toda a vida
Com saudades de ti
São 21 e 15
Teus poemas chegaram
Nas asas do cachecol
Que Cezar me deu um dia
Lembras, lembras
Daquele tecedor do Cerro
Assim é a ponte
Um suspiro de amor

Por isso não posso viver
Com saudades de ti
Teus poemas chegaram
Com Dylan, Darno, Cunha, Che
Teus poemas soaram
No seio das minhas mãos
Então assim posso ter-te um pouco
Mesmo querendo mais

Velho lobo malvino
Teus poemas chegaram
No bolso do um sobretudo
Pendurado no Sorocabana
Daquele elevador ancestral
De certa radio mambembe
Como a canção que calou
Na tarde do Centenário

Mais poemas brotaram
Trinta flores, três filhotes
Tens a tua selvagem
Semeadora de Líber Falco
Agora bebo, como e gozo
Teus poemas-aeroplano
No cálice com que alegraste
Meu coração portunhol
Da borda do meu Guaíba
Te pisco um olho, meu lobo.

Raúl Ellwanger, Porto Alegre, abril 2009